CHIMARRÃO

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Há estudos, da Universidade de Stanford, nos EUA, demonstrando que todas as infusões de ervas têm ação sobre o hipotálamo. Causando efeito tranqüilizador e inibindo a libido. Ou seja, traduzindo para o linguajar pampeano: O mate amargo pode ser broxante !

Este é um problema que pode afetar a vida sexual de alguns gaúchos.

É importante lembrar, que muitos jovens tiveram sua iniciação com animais e, em conseqüência, podem ter acumulado traumas.

Praticar sexo na beira de um barranco, tentando se agarrar num quadrúpede, é possível origem de problemas que podem se manifestar na fase adulta. Afinal, é compreensível o desejo de acabar o ato - se é que dá para chamar de ato - o quanto antes. Pois, o medo de cair do barranco, o receio da chegada do capataz ou o risco de um relincho desmotivador, estimulam a brevidade da situação. Estes fatores podem deixar os que se gabam de ser "barranqueadores", com problemas de ejaculação precoce.

A questão da zoofilia é bastante delicada. Há o caso famoso de um rapaz do interior, que se amasiou com uma ovelha ldeal. A relação foi tão intensa, que quando ele veio estudar em Porto Alegre, a bichinha se atirou do alto de um precipício... As conseqüências foram fortes, tanto que este rapaz, que hoje é médico conhecido, não come carne de ovelha em hipótese alguma.

Agora, com este estudo dos cientistas americanos, surgem aspectos preocupantes. Pois, se efetivamente o chimarrão reduz o apetite sexual e somando-se o trauma da experiência eqüina, podemos encontrar problemas no desempenho sexual de alguns dos nossos guascas.

Uma senhora que marcou época na "zona" de Alegrete, conhecida como tia Zefa, costumava servir chimarrão no seu estabelecimento. Segundo ela as meninas e os clientes apreciavam o amargo, que também esquentava os dedos e a língua, nas noites frias do inverno. Pelo jeito a questão levantada pelos cientistas americanos é bastante contraditória...

Mas falando na questão sexual dos gaúchos, vale destacar a enorme dificuldade que o pessoal da Campanha tem de tratar o assunto do homossexualismo. Dizem que até a lenda do Negrinho do Pastoreio, da forma como contam, é lenda mesmo. Pois a história verdadeira seria outra. O Negrinho era amante de um capataz bicha, que resolveu castigá-lo por ciúmes, pois ele estava transando com a filha da cozinheira.

Aquela história do Negrinho nu em cima do formigueiro também não estaria bem contada... Os gaúchos não gostam de comentar estas questões dos gays. Na vida campeira o homossexualismo é escondido e negado. Pois o gaúcho tem vergonha. Prefere falar de suas relações com uma égua, do que com um companheiro de estância que usava bombacha de seda e lenço lilás. No fundo há o receio que estas exceções possam ser usadas como generalidade pelos seus detratores.

E aqui reside talvez a origem da constatação dos pesquisadores de Stanford: um gaúcho macho não toma chimarrão na mesma cuia que uma bicha. Não se sabe se é por nojo ou medo de contágio.

Na cidade a coisa é diferente. Na capital a onda nativista está ameaçada pelo excesso o que é muito prejudicial para as nossas verdadeiras tradições. Tem gaúcho se pilchando com camisa de seda, lenço de cetim e faixa de gorgurão chamalotado. Não sei não, mas assim não fica bem...

Um bom churrasco, uma conversa simples ao pé do fogo, sem exageros, nem sotaques forçados; temos muitas coisas boas nas nossas tradições. Mas a falsificação está querendo comprometer, tudo aquilo que temos de bom. Está na hora de parar com isso. Separar os verdadeiros, dos falsos gaúchos.

Vamos cultivar as tradições, mas sem burrice e nem bichice infiltrada. Sem a picaretagem de pseudo-tradicionalistas aproveitadores. Tomar chimarrão caminhando na rua, usar bombacha enfeitada demais, lenço Gucci com o nó de lado ou sujeito se gabando de ser "barranqueador", etc é preciso cuidado com essas novidades.

Estes tipos exóticos que se cuidem, pois a AIDS não se cura com carrapaticida.

Calma tchê! Antes de ficar preocupado, olha bem e vê se o salto da tua bota não tá um pouco alto demais. E, finalmente, se tu não consegues deixar o chimarrão de lado, experimenta tomá-lo depois do ato.

Mas te cuida tchê!

Não vai virar a chaleira com água fervente em cima da chinoca...

Música: MATE AMARGO – Mary Terezinha



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