COLUMBÓFILA MAGNIFICÊNCIA

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Ele havia se tornado reitor da universidade.

Iria falar na abertura dos jogos universitários, seria seu primeiro discurso diante de público maior, com boa parte da comunidade acadêmica.

Os bajuladores a sua volta esmeravam-se em solicitudes, aprovando com entusiasmo tudo que o novo chefe dizia.

A idéia de escolher a paz como tema do discurso e de soltar uma pomba ao final, apesar da obviedade e canastrice, foi considerada genial.

Iniciou-se a solenidade e chega a notícia que, por problema no transporte, acomodação da caixa ou outro motivo, a pomba tinha morrido.

Foi-se a primeira pomba...e mais outra não dava tempo para conseguir.

O discurso já estava pronto e faltava o complemento para o gran finale.

Instaurou-se o pânico entre os puxa-sacos, que dependiam do reitor para manutenção de seus cargos, e haviam elogiado o tema e a encenação proposta pelo chefe. Porém faltara a ave e sem ela não haveria o ápice do discurso.

O orador, inflado pelas homenagens e elogios, não desistiu da ideia e resolveu apelar para a imaginação.

Assim, ao final de sua entusiasmada oratória pacificadora, disse que todos deviam liberar a pomba da paz simbólica que habita em nossos corações.

Num arroubo fez um gesto com as mãos, como se tirasse uma ave de dentro do peito e com os dedos desajeitados, querendo imitar asas, tentou simular seu voo imaginário...

Apesar do esforço teatral não conseguiu simular uma pomba voando e ficou parecendo muito mais com um bêbado tentando chamar um táxi.

Depois do evento perguntou ao seu chefe de gabinete.

Então, que achaste?

E o áulico respondeu prontamente: “Magnífico”.

Há quem diga que a partir desse fato é que teve início o tratamento de magnificência aos reitores...

Música: SKYLINE PIDGEON - Elton John



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