O FEBEAPÁ RECRUDESCEU

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No auge do regime militar o cronista carioca Sérgio Porto, com o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, criou o FEBEAPA – Festival de Besteiras que Assola o País, para ironizar os absurdos que os poderosos e burocratas impunham a todos nós.

Passou o tempo, terminou aquele tipo de ditadura e os mesmos tecnocratas, com o respaldo dos que hoje ocupam o poder, estão agindo com a maior desenvoltura.

Basta ler o Decreto 6.042 de 12 de fevereiro de 2007



Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

Altera o Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, disciplina a aplicação, acompanhamento e avaliação do Fator Acidentário de Prevenção - FAP e do Nexo Técnico Epidemiológico, e dá outras providências

O art. 202-A diz:

“…§ 2o Para fins da redução ou majoração a que se refere o § 1o, proceder-se-á à discriminação do desempenho da empresa, dentro da respectiva atividade, por distanciamento de coordenadas tridimensionais padronizadas (índices de freqüência, gravidade e custo), atribuindo-se o fator máximo dois inteiros (2,00) àquelas empresas cuja soma das coordenadas for igual ou superior a seis inteiros positivos (+6) e o fator mínimo cinqüenta centésimos (0,50) àquelas cuja soma resultar inferior ou igual a seis inteiros negativos (-6).

§ 3o O FAP variará em escala contínua por intermédio de procedimento de interpolação linear simples e será aplicado às empresas cuja soma das coordenadas tridimensionais padronizadas esteja compreendida no intervalo disposto no § 2o, considerando-se como referência o ponto de coordenadas nulas (0; 0; 0), que corresponde ao FAP igual a um inteiro (1,00).

Quem redigiu essa pérola da tecnocracia estúpida, deve ter pensado que será simples para o pequeno empresário ou o trabalhador entender e aplicar o decreto.

O Presidente da República que assinou deve ter compreendido tudo. E você leitor, terá entendido alguma coisa? Isso que a matéria diz respeito à Previdência Social que é do interesse de toda população.

Esse é apenas um exemplo entre muitos. Como pretender que o dono de uma oficina ou uma fábrica possa acompanhar esse cipoal de normas, decretos, impostos, regras, sanções e toda a parafernália absurda que massacra aqueles que querem produzir, manter empregos e ajudar no crescimento do país?

Só o humor para denunciar e ridicularizar esses ocupantes do poder, que humilham e desprezam a população com essa linguagem hermética e inacessível, como se vivessem numa redoma onde só se fala javanês.

Ah! Que falta nos faz o FEBEAPÁ.

Volta Stanislaw, precisamos de humoristas de verdade que não tenham medo de expor o ridículo dos poderosos de hoje, para poupar um pouco o nosso povo do arbítrio em que vivemos.

No momento em que as páginas do Diário Oficial se transformam numa sucursal do FEBEAPA, infelizmente não estamos diante de uma comédia, mas vivendo capítulos de uma tragédia.

Stanislaw vive. Ou, ao estilo deles, ridendo castigat mores...

Artigo publicado no jornal Zero Hora em 2007

Música: EL PRESIDENTE Herb Alpert & Tijuana Brass



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