LÁBARO FLAMEJANTE

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Uma pequena empresa do interior dos EUA fabricava bandeiras e os negócios iam muito mal, com perspectiva de falência. Foi quando A. Crawford, um empresário arrojado, assumiu o controle, fez uma revolução administrativa, abriu o capital e multiplicou os resultados. É uma fantástica história de como lucrar com ideologia.

A venda de bandeiras para órgãos públicos e instituições é limitada, e a reposição leva muitos anos, gerando resultados modestos. Por isso decidiu tornar seu produto descartável, para ser consumido em larga escala, com reposições mais frequentes.

Fez um convênio com a Universidade da Virgínia, onde desenvolveu e patenteou um tecido sintético especial e, com ele, passou a fabricar exclusivamente bandeiras dos Estados Unidos.

Antes fizera um levantamento pela internet de quantos eventos antiamericanos seriam realizados pelo mundo, tais como: manifestações contra visitas de autoridades americanas no exterior, reunião do G9 e da ALCA, ações de ONGs fundamentalistas de todo gênero e muçulmanos, pró-Cuba, Fórum Social, Chávez, Evo, Irã, Iraque, etc.

Constatou que em todos eles, a rotina é a mesma: discursos e ao final a cena clássica, a queima da bandeira dos Estados Unidos. Assim, diante da previsibilidade e reiteração destes procedimentos, sua empresa colocou no mercado a bandeira feita com tecnologia SSDS (stars & stripes dark smoke), cuja fibra é derivada de petróleo e provoca combustão fácil e fumaça negra de grande efeito visual.

Através de uma subsidiária, estrategicamente localizada em Chipre, abastece todo o mercado dos paises islâmicos com vendas cada vez maiores. Discretamente ajuda uma ONG na Holanda cujos propósitos são fomentar e divulgar as manifestações anti-imperialistas mundo afora. Auxiliou, sem aparecer, na criação de um site que contabiliza o número de bandeiras queimadas nesses atos de protesto (www.burning american flag.) já retirado da internet.

Em menos de oito anos a valorização das ações de sua empresa não parou de crescer; as simples notícias da doença de Fidel e a “eleição” do Chávez geraram um aumento de 18% em duas semanas.

Acaba de colocar no mercado uma espécie de “kit ideológico”, com bandeiras americanas e bonecos do tio Sam em ssds, para queimar e pôsteres de Che Guevara, Khomeini, Marx, Bin Laden, Chávez, bandeiras vermelhas e de Cuba em tecido convencional, além de megafones e amplificadores com versões em vários idiomas de palavras de ordem. Tudo fabricado por fornecedores que tem na China.

Uma ocasião foi questionado se sua atividade não seria antipatriótica e contrária aos seus ideais; disse que sua empresa vive de resultados, com os quais mantém os empregos dos seus 180 funcionários. Que se não produzisse esses bens, outros o fariam. Disse, ainda, que essas manifestações, que aumentam a venda de seus produtos, são inócuas e não ameaçam os interesses de seu país.

O tempo provou que, além de previsíveis, esses atos são inofensivos, cuja reiteração lhe garante um mercado cativo e sem surpresa. Assim, pode fabricar em grande escala, o produto não sai de moda e os lucros são garantidos e excelentes.

Perguntaram se não temia mudança de hábitos ou até desmobilização dos incineradores de bandeiras. Respondeu que não via risco disso acontecer, pois há muitos anos lhes falta criatividade e repetem a mesma conduta. Citou uma antiga frase gritada pelos grupos que aumentam seus lucros, que nunca muda: “People together never will be defeated”! E concluiu sorrindo, enquanto existirem esses que se dizem progressistas, não vai faltar progresso na minha empresa.

Matéria não publicada no Wall Street Journal

Música: AMERICAN ANTHEM – Peter Cornell



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