MANOBRA RADICAL

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Era uma boa oportunidade de emprego e vários candidatos disputavam a vaga. Entre os requisitos exigidos estavam dinamismo, liderança e criatividade.

Havia sido selecionado, junto com outros dez, para a entrevista final. Sabia que era o momento definitivo e que a empresa era exigente.

Por azar, na véspera da seleção, pisou de mau jeito na escada de casa e torceu o tornozelo. Doeu muito, o local ficou inchado e foi preciso enfaixar e imobilizar. Já nem conseguia calçar um sapato. E agora?

Só podia andar mancando e com auxílio de uma bengala.

Soube que os candidatos eram observados, desde que ingressavam no prédio da empresa; o diretor de recursos humanos, usando as câmeras internas, examinava a atitude do candidato antes mesmo de chegar para a entrevista. Portanto ele seria visto andando de bengala ou mancando apoiando-se na parede, isso poderia causar má impressão e eliminá-lo.

Precisava superar o obstáculo.

À noite, depois de entrar no quarto do filho, teve uma idéia radical.

Na entrevista apareceu de terno, tênis sem cadarço e um skate na mão.

Os outros o olharam com espanto, sem entender nada.

Diante do entrevistador explicou o que houve e disse que decidira utilizar o skate como apoio, para evitar a bengala, enquanto o tênis era o único calçado possível de usar pelo inchaço do pé. A idéia foi considerada original.

Se ele conseguiu ou não o emprego, fica a critério do leitor.

Também quis ser original e fazer um conto interativo, apelando para uma manobra radical, como dizem os skatistas.

Viram como é divertido o livro Na nuvem, pelo menos é diferente.

Música: AGAINST THE WIND – Bobby Seager



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