RENDEZ-VOUS DE NORMALISTAS

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Houve um tempo em que se comentava que existia em Porto Alegre um rendez-vous de normalistas. É preciso explicar o que era rendez-vous e, também, o que eram normalistas.

Pois bem, o nome francês designava bordel, casa de mulheres ou como hoje é definido na objetividade dos jovens: puteiro. As normalistas eram as alunas do curso normal, que habilitava ao exercício do magistério.

O segundo grau era dividido em clássico e científico, existindo também o normal, frequentado apenas por mulheres. O mais conhecido era do Instituto de Educação, as alunas usavam uniforme, saia marinho e blusa de listras fininhas vermelhas, fechada com um laço.

Eram jovens, bonitas e totalmente femininas, namoravam, noivavam e casavam num tempo em que os costumes eram muito diferentes de hoje.

Por tudo isso, nada mais inimaginável do que supor uma normalista na prostituição, mais ainda um bordel de normalistas. Porém, sempre existia alguém que confirmava a lenda, dizendo que um suposto tio ou primo já estivera lá; mas isso ia por conta da necessidade de afirmação dos rapazes.

Passado tanto tempo, as professoras foram transformadas em trabalhadoras em educação e as putas em profissionais do sexo.

Esse tipo de discurso pseudo-trabalhista e politicamente correto, acabou aproximando as duas “categorias” outrora tão distantes. Hoje não há mais normalistas e poucas são as escolas que adotam uniforme. Nem sei se ainda existe o curso normal do Instituto.

Os bordéis ganharam espaço com o nome das suas cafetinas.

As professoras perderam espaço para o seu sindicato, comandado por grupos ideologizados, sem maior preocupação com o ensino e focando a pauta para questões unicamente remuneratórias.

As relações entre professor e aluno hoje estão prejudicadas pela falta de respeito e devido reconhecimento ao mestre, transformado em trabalhador da educação pela retórica sindical partidarizada, que contribui para desprestigiar os educadores.

O idealismo e certa inocência foram suprimidos e a amistosa relação de professor e aluno, que tantos de nós lembramos com saudade, deu lugar às greves.

Um fato é indiscutível, a qualidade do ensino caiu na mesma proporção do crescimento da força do Sindicato dos professores.

O respeito e o reconhecimento são ingredientes fundamentais. A autoridade do professor não impede que exista afeto na relação com os alunos. Nesse contexto a valorização emerge ao natural, facilitando o aprendizado e proporcionando a verdadeira educação.

A mais antiga das profissões não tem sindicato, mas tem rufiões, não promete amor, apenas a troca do corpo por dinheiro, pois tudo é apenas uma questão remuneratória.

Hoje aquele cabaré improvável, de mulheres que praticassem o sexo não apenas pelo dinheiro, não teria mais espaço na imaginação masculina. Pois além da abundante oferta nesse ramo, também porque vivemos uma época de escassa fantasia.

Em outros tempos rendez vous também era chamado de casa de tolerância, curiosamente tolerância e respeito é que está fazendo muita falta no ambiente escolar.

MÚSICA: NORMALISTA – Nelson Gonçalves



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